21/08/2022 às 06h37min - Atualizada em 21/08/2022 às 06h37min
Vaticano autoriza abertura de processo de beatificação do padre Cícero, diz diocese


O Vaticano autorizou a abertura do processo de beatificação do padre Cícero Romão Batista (1844-1934), o Padim Ciço, afirmou neste sábado (20) a diocese do Crato, no Ceará. O anúncio foi feito pelo bispo Dom Magnus Henrique no fim da missa no largo da Capela do Socorro, em Juazeiro do Norte, no Ceará.
 

"É com grande alegria que vos comunico nesta manhã histórica que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o papa Francisco, uma carta [...] datada de 24 de junho de 2022. Recebemos a autorização para a abertura do processo de beatificação do padre Cícero, que a partir de agora receberá o título de Servo de Deus", disse o bispo.
 

Em suas redes sociais, a diocese do Crato afirmou que o processo de beatificação "cumpre a profecia feita pelo próprio sacerdote: 'A igreja que hoje me persegue, amanhã tomará minha defesa'".
 

Carismático, o padre tinha influência sobre a vida social e política de Juazeiro do Norte, onde hoje há uma estátua de 27 metros de altura em sua homenagem, e é venerado em romarias que atraem milhões de pessoas por ano. Afastado da Igreja Católica após um episódio em 1889 conhecido como "milagre da hóstia", ele foi perdoado em 2015, por decisão do papa Francisco, após mais de um século de punição.
 

Segundo a lenda, na época, uma hóstia dada por ele a uma beata teria se transformado em sangue. A história logo se espalhou pelo Nordeste, dando início a peregrinações de fiéis atrás do "padre milagreiro". Na época, a Igreja Católica não reconheceu o milagre e acusou o padre de "manipulação da fé".
 

Após o afastamento, foi proibido de confessar, pregar e administrar os sacramentos, além de celebrar missas. Em 1896, o Santo Ofício determinou que ele deixasse a cidade, sob pena de ser excomungado.
 

As punições se seguiram até 1926, quando ele foi suspenso definitivamente pela igreja, que lhe retirou as ordens. Padre Cícero morreu em 1934, aos 90 anos. O perdão do Vaticano abriu caminho para a abertura de um processo de beatificação e, posteriormente, de canonização.

 

 

por Folhapress

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