30/08/2022 às 19h28min - Atualizada em 30/08/2022 às 19h28min
Vacina para Covid desenvolvida pela UFMG, USP e Fiocruz está pronta para testes


Uma nova vacina contra a Covid-19 desenvolvida no Brasil pode começar a ser testada em humanos ainda este ano. O imunizante apresentou bons resultados nos estudos com animais, que foram divulgados este mês na revista Nature Communications. 

 

Os cientistas já receberam autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para dar início ao ensaio clínico e aguardam, agora, o sinal verde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

"Já entregamos à Anvisa toda a documentação necessária. A expectativa é que a resposta saia nas próximas semanas. Estamos prontos para começar", conta Ricardo Tostes Gazzinelli, coordenador do Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador sênior da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

 

Para desenvolver a formulação vacinal, o grupo coordenado por Gazzinelli fundiu duas diferentes proteínas do SARS-CoV-2: a N (do nucleocapsídeo, estrutura que abriga o material genético do vírus) e uma porção da S (espícula ou Spike) usada pelo patógeno para se ligar e invadir a célula humana. A molécula quimérica resultante recebeu o nome de SpiN. A estratégia teve o objetivo de induzir no organismo a chamada resposta imune celular, ou seja, a produção de células de defesa (linfócitos T) especializadas em reconhecer e matar o novo coronavírus. Em tese, esse tipo de proteção permaneceria eficaz mesmo diante do surgimento de novas variantes.

 

"As vacinas para Covid-19 atualmente em uso têm como objetivo principal induzir a produção de anticorpos neutralizantes contra a proteína S, que impedem o vírus de infectar as células humanas. Essa é a chamada resposta imune humoral. Mas, à medida que foram surgindo variantes com muitas mutações na proteína S, os anticorpos foram perdendo a capacidade de reconhecer esse antígeno. Já a proteína N se manteve mais conservada nas novas cepas", explica a doutoranda Julia Castro.

 

Como explica o pesquisador, que também é professor visitante da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), a vacina baseada na proteína quimérica SpiN não induz, por si só, a produção de anticorpos neutralizantes. No entanto, se usada como dose de reforço, pode estimular tanto a imunidade humoral gerada por vacinação prévia quanto a imunidade celular, conferindo uma dupla proteção.

 

Os testes de fase 1 e 2 – para avaliar a segurança em humanos e a capacidade de induzir a resposta imune – serão feitos na Faculdade de Medicina da UFMG, sob a coordenação dos professores Helton Santiago e Jorge Pinto. A proposta é imunizar indivíduos previamente vacinados contra a Covid (que tenham recebido qualquer um dos imunizantes disponíveis no Brasil há no mínimo seis meses).

 

"Será uma dose de reforço. Os voluntários do grupo-controle vão receber a vacina da AstraZeneca. Depois vamos comparar a produção de anticorpos neutralizantes, anticorpos totais contra o SARS-CoV-2 e a resposta de linfócitos T. A expectativa é que a nossa formulação induza uma resposta celular ainda mais forte", adianta Gazzinelli.

 

 

Bahia Notícias

NOTÍCIAS RELACIONADA
Vacina contra o câncer está em últimas fases de...
Após quase 20 anos sem registro local, Brasil confirma caso autóctone de cólera na...
Brasil atinge 1,6 mil mortes confirmadas por...
Anvisa mantém proibição ao cigarro eletrônico no...
GALERIAS
CLASSIFICADOS