Tragédia da barragem do Fundão em Mariana completa 5 anos
“5 de novembro de 2015 eu tinha uma vida pacata que se dividia entre o trabalho na cidade e o descanso e lazer na zona rural em Bento Rodrigues, onde a minha história começou, até que a avalanche de lama levou toda minha história e os meus bens. Infelizmente as perdas vem se arrastando ao longo do tempo, visto que a reparação segue a passos lentos”.
A fala é do comerciante Mauro da Silva, que hoje integra a comissão de atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão.
Para se ter uma ideia da extensão da tragédia, a lama de resíduos causou a morte de 19 pessoas e uma série de impactos ambientais, sociais e econômicos, atingindo 39 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo.
E assim como Mauro, integrantes da Força-Tarefa Rio Doce, do Ministério Público Federal, também percebem que as ações reparatórias demoram a se concretizar.
Para os procuradores, a Fundação Renova, criada para reparar os danos do rompimento dessa barragem, está demorando para tirar do papel os 42 programas previstos no Termo de Transação e Ajustamento de Conduta para minimizar os efeitos da devastação do mar de lama que se espalhou por 670 quilômetros.
Até agosto de 2020, segundo o MPF, apenas 34% das famílias cadastradas como afetadas pela lama em Mariana receberam a indenização.
Além da demora da compensação, o coordenador substituto da Força Tarefa do Ministério Público, o procurador Eduardo Henrique Aguiar, lamenta a demora na entrega de novas casas para os atingidos pelo rompimento.
O presidente da Fundação Renova, André de Freitas, garante que as indenizações podem aumentar, depois que a 12ª Vara Federal de Justiça determinou a flexibilização dos critérios para o recebimento.
Quanto às casas, André de Freitas informou que a fundação entregou duas, 37 estão em construção e quatro deverão ser entregues até o final deste ano. Esse também é o prazo, segundo ele, para concluir 95% das obras de infraestrutura no novo distrito de Bento Rodrigues.
Enquanto essas obras não são concluídas, moradores como o Mauro, que perderam tudo no mar de lama que tomou conta da região, vivem em casas alugadas e das lembranças do passado.
Por Dayana Vitor - Repórter da Rádio Nacional - Brasília