17/03/2020 às 13h50min - Atualizada em 17/03/2020 às 13h50min
Pesquisadores observam pela primeira vez a resposta imunológica ao coronavírus


Um grupo de pesquisadores da Austrália afirmou nesta terça-feira ter observado pela primeira vez a resposta imunológica do organismo ao covid-19, um avanço potencialmente decisivo na luta contra o vírus.

Os cientistas coletaram amostras de sangue de uma paciente infectada com o novo coronavírus e hospitalizada com sintomas moderados, de acordo com artigo publicado na revista Nature Medicine.

“Observamos uma resposta imunológica muito robusta que precedeu à recuperação clínica”, disse à AFP Katherine Kedzierska, do Instituto Peter Doherty de Infecções e Imunidade da Universidade de Melbourne.

Essa reação corporal ocorreu quando a paciente “ainda estava visivelmente mal”, mas “três dias depois já estava curada”, acrescentou.

 

Os pesquisadores lançaram uma corrida contra o tempo para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus, cujo saldo global nesta terça-feira era de 180.000 infecções confirmadas e mais de 7.000 mortes.

Keszierska disse que a investigação de sua equipe representa “um passo importante para entender a recuperação ao covid-19”.

A cientista garantiu contar com resultados similares e “verificáveis” de pacientes também com sintomas moderados. “Agora podemos nos perguntar: qual é a diferença com pessoas (infectadas) que morrem?”

Kedzierska disse que essas descobertas têm duas aplicações práticas.

A primeira é que ajudará os virologistas a desenvolver uma vacina porque o objetivo da vacinação é replicar a resposta imune natural do corpo aos vírus.

 

A equipe de pesquisadores identificou quatro tipos de células imunológicas no sangue da paciente que se recuperou.

Segundo Kedzierska, são células “muito semelhantes às que vemos nos pacientes com gripe”.

Embora a gripe mate centenas de milhares de pessoas em todo o mundo a cada ano, existe uma vacina amplamente eficaz contra essa doença.

– “Marcadores” imunológicos –

A segunda aplicação deste estudo seria ajudar as autoridades de saúde a avaliar melhor quais pessoas são mais vulneráveis em futuros surtos.

Esses “marcadores” do sistema imunológico poderiam, assim, ajudar a prever com mais precisão quais pacientes desenvolverão sintomas moderados e quais correm o risco de morrer.

A maioria das mortes por covid-19 ocorre entre idosos ou com problemas de saúde pré-existentes, como doenças cardíacas e diabetes.

As crianças, por outro lado, não parecem apresentar sintomas ou são muito moderados. Kedzierska enfatizou a necessidade de mais pesquisas para encontrar uma explicação para essa particularidade, enquanto ressaltou que o sistema imunológico enfraquece com a idade.

Sharon Lewin, diretora do Instituto Doherty e uma das especialistas em doenças infecciosas mais conceituadas do mundo, disse à AFP que os resultados deste estudo são promissores.

“Isso mostra que o corpo pode produzir uma resposta imune muito positiva e poderosa contra o vírus, que está associada ao desaparecimento dos sintomas”, apontou.

AFP

NOTÍCIAS RELACIONADA
Após quase 20 anos sem registro local, Brasil confirma caso autóctone de cólera na...
Brasil atinge 1,6 mil mortes confirmadas por...
Anvisa mantém proibição ao cigarro eletrônico no...
Quase 4 bilhões de pessoas correm risco de infecção pelo Aedes no...
GALERIAS
CLASSIFICADOS