23/06/2021 às 16h44min - Atualizada em 23/06/2021 às 16h44min
Oxford testa ivermectina como possível tratamento contra covid-19


Universidade quer verificar se medicamento antiparasitário pode trazer benefícios a infectados pelo coronavírus e evitar hospitalizações. Remédio é defendido por Bolsonaro como parte do chamado "tratamento precoce".

 

A Universidade de Oxford, no Reino Unido, afirmou nesta quarta-feira (23/06) que está testando o medicamento antiparasitário ivermectina como um possível tratamento contra a covid-19 no âmbito de um estudo com o objetivo de ajudar pacientes a se recuperar da doença em ambientes não hospitalares.

Batizado de Principle (Princípio), o estudo apoiado pelo governo britânico já mostrou que os antibióticos azitromicina e doxiciclina eram, em geral, ineficazes num estágio inicial da covid-19.

"Ao incluir a ivermectina num estudo de larga escala como o Principle, esperamos gerar evidências robustas para determinar quão eficaz é o tratamento contra a covid-19 e se há benefícios ou malefícios associados ao seu uso", afirmou o pesquisador Chris Butler, colíder do estudo.

Apesar de ainda não ter eficácia comprovada contra a covid-9 e de a Organização Mundial da Saúde (OMS) e autoridades reguladores da União Europeia e dos Estados Unidos recomendarem que a ivermectina não seja usada em pacientes com a doença, o tratamento com o medicamento vem sendo promovido em alguns países, entre eles o Brasil e outros da América do Sul, a Índia e a África do Sul.

Estudos realizados até agora com a ivermectina como possível tratamento contra a covid-19 são considerados pequenos ou de baixa qualidade.

Evitar hospitalizações

A equipe da Universidade de Oxford responsável pelo estudo Principle afirmou que um dos motivos de ter selecionado a ivermectina para testes foi o fato de o fármaco estar "disponível globalmente” e ser relativamente seguro. O medicamento é usado contra piolhos e sarna e no tratamento de doenças parasitárias como oncocercose, elefantíase, pediculose, ascaridíase e escabiose.

A ivermectina é o sétimo tratamento a ser investigado no Principle, e está sendo avaliado juntamente com o medicamento antiviral favipiravir. De acordo com a emissora britânica BBC, a ivermectina será ministrada pessoas com mais de 50 anos e sintomas da covid-19 para verificar se ela é capaz de evitar hospitalizações.

Pessoas com condições hepáticas graves, que tomam o medicamento anticoagulante varfarina ou outros fármacos que se sabe que interagem com a ivermectina, serão excluídos do estudo.

Segundo a Universidade de Oxford, a ivermectina resultou numa redução da replicação do coronavírus em testes de laboratório – mas a BBC ressalta que foram usadas doses muito mais altas do medicamento do que seriam ministradas em pacientes. Além disso, um pequeno estudo piloto apontou que ministrar o medicamento na fase inicial da doença poderia reduzir a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com quadros moderados de covid-19.

Polêmica no Brasil

No Brasil, a ivermectina é um dos medicamentos promovido insistentemente pelo presidente Jair Bolsonaro como "tratamento precoce" contra a covid-19, ao lado da cloroquina e da hidroxicloroquina, que estudos já mostraram ser ineficazes contra o coronavírus. Os remédios foram incluídos no chamado "kit covid", distribuído pelo governo e prescritos por alguns médicos por todo país.

No fim de abril, a Justiça Federal em São Paulo proibiu que o governo Bolsonaro fizesse campanhas, em qualquer meio de comunicação, para promover o chamado "tratamento precoce" ou "kit covid” contra a covid-19, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença.

Ao recomendar, no fim de março, que a ivermectina não seja utilizada no tratamento de pacientes com covid-19, a OMS disse que o medicamento só deveria ser utilizado no contexto de testes clínicos contra o coronavírus.

Segundo a organização, havia poucas evidências de que o fármaco tenha efeito benéfico em termos de diminuição da mortalidade, ventilação mecânica, internação hospitalar, tempo de hospitalização e carga viral. A OMS afirmou que o fato de uma droga ser barata e amplamente disponível, não justificava seu uso e que seu benefício permanecia obscuro.

lf (Reuters, ots)

 

 

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