Desembargadores do Tribunal de Justiça de MG são alvos de operação da PF por suspeita de recebimento de propina
Os desembargadores Geraldo Domingos Coelho e Paulo Cézar Dias do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foram alvos na manhã desta terça-feira (18) de operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) que apura o suposto recebimento de propina para influenciar na solução e no andamento de processos judiciais.
Não foram cumpridos mandados de prisão, apenas de busca e apreensão. Os nomes dos alvos foram confirmados ao G1 pela PF.
Em nota, o TJMG informou que foram observadas as formalidades legais no cumprimento de mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça(STJ). "O TJMG confia nas instituições para apuração da verdade e mantém o compromisso com a transparência e valores institucionais. O TJMG observa que as investigações tramitam sob sigilo e que aguarda as apurações e permanece à disposição das autoridades para colaborar no esclarecimento dos fatos. O TJMG ressalta que o princípio da presunção de inocência é garantia constitucional e deverá ser observado, pois trata-se de um dos mais importantes pilares do Estado democrático de direito".
De acordo com a PF, a operação investiga mais sete pessoas que, para conseguir privilégios com a Justiça, ofereciam retribuições financeiras e outras vantagens indevidas aos desembargadores. Além dos desembargadores, entre os alvos, está o advogado Ildeu da Cunha Pereira Sobrinho, que morreu em fevereiro deste ano.
A justiça também autorizou a quebra do sigilo fiscal e bancário de vários investigados.
Ao todo a operação "Cosme", como foi denominada, cumpre 10 mandados de busca e apreensão - seis em Belo Horizonte, um no município de Ipanema (MG), um em Engenheiro Caldas (MG) e dois no estado de São Paulo.
Segundo a PF, foram apreendidos R$ 50 mil na casa do advogado Luiz Carlos de Miranda Faria, ex-deputado estadual e parte do conselho da Usiminas. Além disso, durante as buscas também foram apreendidas várias provas que, ainda de acordo com a PF, confirma o esquema.
Em nota enviada às 18h30, a Usiminas informou que "tomou conhecimento da operação denominada 'Cosme', deflagrada hoje, somente pela imprensa e, segundo as informações divulgadas, os fatos em apuração não estão relacionados com a Companhia".
A Corregedoria Nacional de Justiça informou "que solicitou ao Superior Tribunal de Justiça o compartilhamento das provas colhidas no âmbito da operação" e "que a medida visa possibilitar a apuração e a avaliação, em processo disciplinar, das condutas dos desembargadores Geraldo Domingos Coelho e Paulo Cézar Dias, ambos do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais".
No gabinete do desembargador Geraldo Domingos Coelho, a informação é de que ele não vai comentar a operação. A reportagem não obteve contato com o gabinete do desembargador Paulo Cézar Dias.
Até a última atualização desta reportagem, o G1 não havia conseguido contato com o advogado Luiz Carlos de Miranda Faria.