21/08/2020 às 06h44min - Atualizada em 21/08/2020 às 06h44min
Com ajuda do FBI, polícia desmantela esquema de lavagem de dinheiro em Minas Gerais


Um esquema de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica permitiu a empresários sonegarem cerca de R$ 100 milhões, a partir de contas no exterior, empresas fantasmas e  “laranjas”. A Polícia Civil de Minas Gerais realizou ontem – com o apoio até mesmo do Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos, o FBI – a Operação River of Money (Rio de Dinheiro). Os trabalhos envolveram agentes de Minas e de São Paulo e terminou com a apreensão de documentos, computadores, máquinas de cartão de crédito e celulares dos envolvidos. O centro das investigações é um clube com parte da estrutura pronta, mas nunca inaugurado, localizado em Santa Bárbara, na Região Central do estado.

“Essa investigação demonstra inconsistência fiscal dos investigados na casa dos milhões de reais, e também das várias empresas que estão envolvidas. Os valores que são declarados por essas pessoas físicas e jurídicas não conferem com a realidade, pelo que indicam as apurações”, explicou o delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão de Investigação de Fraudes e Crimes Contra a Administração Pública da Polícia Civil de Minas.  

A operação passou por quatro endereços entre Barão de Cocais e Santa Bárbara, três em Garças (SP) e outro no Centro-Sul de Belo Horizonte. Os trabalhos se concentram sobretudo no River Aqua   Park, em Santa Bárbara. O clube já tinha até cotistas, mas nunca abriu as portas. Obras estavam em andamento para que o parque finalmente fosse aberto. A polícia, pelo menos até aqui, não suspeita dos associados do local.

Segundo o delegado Monteiro, cerca de 50 pessoas estão envolvidas no esquema. Dois dos empresários, inclusive, viveram em Miami, nos Estados Unidos, até 2015. De acordo com o policial, os chefes da quadrilha compravam os dados pessoais de pessoas e os usavam para abrir empresas de fachada. Essas pessoas jurídicas, apesar de movimentar dezenas de milhões de reais, tinham sócios cuja renda era de um salário mínimo. Essa “ponta sem nó” motivou a abertura do inquérito. Além disso, tais companhias foram abertas para prestar serviços de agenciamento de cargas, mas nunca realizaram tal trabalho.

Apesar da investigação, ninguém foi detido ontem. Seis pessoas foram ouvidas: três em Garças, uma em Belo Horizonte e duas em Barão de Cocais. Outro fato que chamou a atenção dos policiais foram saques e depósitos que chegavam a R$ 200 mil. Tudo em "dinheiro vivo", com o objetivo de dificultar o rastreio dos valores.

Monteiro também detalhou a contribuição da investigação dos EUA. “O FBI nos auxiliou na obtenção de informações de investigados no exterior, uma vez que já foram detectadas até mesmo a aquisição e venda de pelo menos dois dos investigados em Miami. As informações de origem e destino também passaram a ser objeto de investigação.”

Ainda conforme o delegado Domiciano Monteiro, as investigações prosseguem. Isso porque a polícia já mapeou outras empresas e contadores que podem estar ligados ao esquema de sonegação fiscal e falsidade ideológica. A reportagem tentou contato com os proprietários do parque aquático, que não responderam às solicitações até o fechamento desta edição.

 

 

 

 

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