10/03/2025 às 17h04min - Atualizada em 10/03/2025 às 17h04min
Caso Vitor Lobo: Polícia investiga envolvimento de médico influente e participação de empresa autorizada pela Anvisa


O Departamento de Narcóticos (Denarc) deflagrou uma operação, nesta segunda-feira (10), para desarticular uma organização criminosa voltada para a venda de maconha líquida, com foco no uso recreativo em cigarros eletrônicos.

A ação resultou na prisão de Vitor Lobo, ex-presidente da Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED) e apontado como líder do esquema. Ele foi preso um apartamento localizado no Corredor da Vitória, área nobre de Salvador. Além dele, outro suspeito foi preso em São Paulo. A operação, que também contou com ações no Paraná, resultou no cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão.

Durante coletiva de imprensa, o delegado Guilherme Machado detalhou os principais pontos da investigação, que teve início em outubro do ano passado. 

Investigação prioriza vínculos da empresa com tráfico de drogas

O delegado destacou que a investigação está centrada no uso clandestino da maconha líquida, que, embora possa ser utilizada para fins medicinais com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estava sendo comercializada com níveis não permitidos de tetrahidrocanabinol (THC) para uso recreativo. "O clandestino é que está se investigando, o uso com níveis não permitidos de THC para fins de uso recreativo em cigarros eletrônicos", afirmou Machado.

Segundo ele, Vitor Lobo tinha uma empresa que possuía autorização da Anvisa para fornecer cannabis líquida para pacientes com indicação médica. No entanto, a investigação aponta que essa autorização foi extrapolada. "Essa autorização não é para poder se comercializar canetas de vapers. A Anvisa não autoriza a comercialização de cannabis com nível elevado de THC em vaporizadores. Isso se enquadra na legislação como tráfico de entorpecentes", explicou o delegado.

Machado ressaltou que a investigação está em fase inicial e que os vínculos da empresa com outras organizações ainda estão sendo apurados. "A gente está apurando os vínculos dessa empresa com outras empresas. E aí a gente vai estar aqui dando [informações]. Eu não posso antecipar aqui o que é que vai ser do resultado disso", disse.

Material apreendido e desdobramentos da operação

Durante as buscas, foram apreendidos quantidades significativas de maconha líquida, condicionada em potes, refis e canetas, além de drogas em natura e munições. "Foram apreendidos um quantitativo significativo de maconha líquida, condicionada de diversos tipos, em potes, refis, canetas, e também uma certa quantidade de droga em natura", informou o delegado.

A operação também investiga possíveis conexões de Vitor Lobo com outros envolvidos, incluindo um médico infectologista. No entanto, Machado evitou dar detalhes sobre esses vínculos, afirmando que isso faz parte da investigação e só será revelado ao final do processo. "Há boatos de que Vitor estava envolvido com um grande médico, um grande infectologista. Como era feito esse repasse e se há outras pessoas envolvidas, isso só ao final vai ser revelado", disse.

Primeira apreensão de maconha líquida com essas características no estado

O delegado destacou que a apreensão de maconha líquida com características de uso em cigarros eletrônicos é um fato novo no estado. "É a primeira apreensão aqui no estado com esse tipo de característica. É um fato que a gente está investigando", afirmou. Ele ressaltou que a operação ainda deve ter outros desdobramentos, já que as prisões realizadas são cautelares e a investigação continua.

A operação contou com a colaboração de equipes em outros estados, incluindo o cumprimento de dois mandados de busca no Paraná e um em São Paulo. "Tivemos 21 mandados de busca e apreensão cumpridos aqui na capital, dois no Paraná e mais um em São Paulo", detalhou Machado.

Próximos passos

A investigação, que começou em outubro de 2022, segue em andamento, com a análise de documentos e materiais apreendidos. O delegado adiantou que perícias serão realizadas para determinar a extensão das atividades criminosas. "Tudo isso vai ser objeto de pesquisa, e aí a investigação terá outros desdobramentos", concluiu.

 

Bn@ws

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