Ferrero se desculpa após envenenamento de crianças com Kinder e retira 3 mil toneladas de produtos mercado
A direção do grupo Ferrero, responsável pela marca de chocolates Kinder, cujos produtos contaminados intoxicaram dezenas de crianças na Europa, se desculpou publicamente pelo episódio. Mais de 3 mil toneladas de mercadoria tiveram que ser retirados das prateleiras após a revelação dos casos de salmonela.
O diretor-geral do grupo Ferrero na França, Nicolas Neykov, concedeu uma longa entrevista aos leitores do jornal Le Parisien - Aujourd’hui em France. Durante mais de uma hora ele respondeu todas as perguntas diante dos leitores e admitiu várias vezes o erro da empresa. “O que aconteceu é inaceitável e eu sinto muito”.
A história foi relevada em abril, mas produtos contaminados foram identificados desde dezembro em uma das fábricas de Arlon, na Bélgica. Até meados de abril, pelo menos 150 casos de salmonela haviam sido detectados em nove países europeus. Apenas na França 81 intoxicações foram registradas, e 22 crianças foram hospitalizadas após terem ingerido os chocolates contaminados com salmonela, uma bactéria que provoca gastroenterites, muitas vezes de forma severa.
Questionado sobre a origem da contaminação dos produtos, Nicolas Neykov explicou que o problema estaria em um reservatório de manteiga na fábrica de Arlon. No entanto, ele afirma que, segundo as primeiras investigações, ainda não se sabe se o incidente ocorreu em razão de matérias-primas contaminadas ou por erro humano.
“Insisto que fazemos testes diários”, disse o executivo. “Ainda não sabemos explicar como protocolos [sanitários] tão rígidos, que funcionam há 75 anos, não foram eficazes desta vez”.
O executivo também diz que, em momento algum, houve tentativa de esconder algo ou enganar os consumidores. “Houve falha? Sim! Houve negligência? Não?”, martelou o diretor, lembrando que € 36 milhões foram investidos nos últimos anos apenas na fábrica onde foi constatada a contaminação.
Ferrero é "a indústria mais vigiada do mundo nesse momento"
Durante a entrevista, uma mãe relatou que seu filho de 2 anos e meio ficou doente em janeiro, após ter consumido um “kinder ovo” comprado no Natal. E que se a empresa tivesse reagido desde as primeiras ocorrências, em meados de dezembro, isso nunca teria acontecido.
“Sinto muito e isso é inaceitável”, repetiu o executivo, lembrando que ele também é pai de quatro filhos. “As famílias que sofreram danos, como a sua, serão indenizadas. [O grupo] Ferrero vai cumprir o que prometeu e compensar financeiramente”, explicou.
O executivo disse que já recebeu 150 mil pedidos de indenização e que 90% já foram respondidos. “Isso representa quase € 2 bilhões”, detalhou.
Ao ser questionado se outros produtos poderiam apresentar problemas, Neykov foi taxativo: “Posso garantir que a indústria mais vigiada do mundo nesse momento é a Ferrero. Tivemos um número infinito de inspeções em nossas fábricas e armazéns (...) Vocês podem consumir os produtos Ferrero sem problema”, prometeu.
RFI